A taxa de abandono escolar, que tem vindo a dimunuir continuamente ao longo dos anos em Portugal, aumentou de 6.5% para 8% em 2023.
Pedro Freitas, investigador do Centro de Economia da Educação da Nova SBE, esteve no programa “Esta Manhã”, na TVI, para comentar o que poderá estar por trás dos dados apresentados e se estes devem ou não ser considerados preocupantes.
O investigador começou por referir que a taxa de abandono escolar se mantém significativamente baixa se comparada com taxas de um passado recente, destacando que em 2011, por exemplo, era de cerca de 20%. Referiu não ser ainda possível aferir se o aumento do abandono escolar em 2023 se deve apenas a uma correção relativamente aos anos de pandemia, ou se se trata efetivamente da inversão de um padrão que se tem verificado ao longo de anos.
Reportando-se a inquéritos feitos pelo Centro de Economia da Educação da Nova SBE a professores do ensino básico e secundário durante a pandemia, Pedro Freitas refere que a avaliação interna dos professores ao longo desse período terá sido dificultada pelo ensino a distância durante a pandemia. Esse fator, aliado à ausência de avaliações externas, levou a que alguns alunos tivessem transitado de ano com menos obstáculos. Adicionalmente, o mercado de trabalho durante a pandemia esteve estagnado, o que significa que existiam menos oportunidades para os alunos que abandonavam o sistema de ensino. Este motivo pode justificar o aumento da taxa de abandono escolar em 2023, quando as aulas e, consequentemente, as avaliações internas, regressaram a um padrão mais habitual.
Foi também referido que a taxa de abandono escolar é superior em rapazes que em raparigas, o que, segundo o investigador, pode estar relacionado com o facto dos rapazes terem notas mais baixas nas avaliações internas dos professores, uma diferença que se tem vindo a acentuar ao longo dos anos e que não se verifica só em Portugal, mas em vários países.