Alunos abraçam o futuro ganhando competências de programação
Notícias | 01 outubro 2019 Alunos abraçam o futuro ganhando competências de programação

Havia cerca de 700 milhões de estudantes globalmente a aprender linguagens de programação em 2018, de acordo com a organização Code.org, um número 35 vezes superior à estimativa obtida em 2013. Esta tendência reflete a crescente digitalização da economia, suportada por tecnologias como Machine Learning, Cloud Computing e Internet of Things.

De acordo com a McKinsey, a União Europeia opera apenas a 12% da sua capacidade total de digitalização (os Estados Unidos da América operam a 18%), levando a uma previsão pela Comissão Europeia da escassez de 756 mil profissionais de Tecnologias de Informação (TI) em 2020. No entanto, a transformação digital deverá afetar também o perfil típico de profissões não relacionadas com TI. Se competências em Word e Excel são expectáveis atualmente, é plausível que linguagens de programação se tornem um requisito cada vez mais comum no futuro, independentemente da profissão.

Há um esforço político para colmatar as lacunas do conhecimento digital da população, por exemplo, com a Iniciativa Nacional Competências Digitais 2030, lançada pelo Governo em 2017, ou com o projeto-piloto do DGES Iniciação à Programação no 1º Ciclo do Ensino Básico, que começou em 2015. No entanto, são medidas com implementações a longo termo, em que num plano imediato é importante que as instituições de Ensino Superior se adaptem e ampliem a oferta formativa de competências digitais transversalmente a todos cursos.

Recentemente, a Nova School of Business & Economics disponibilizou um curso opcional de Introdução à Programação a alunos dos mestrados em Economia, Finanças e Gestão. O número de inscrições superou largamente a capacidade planeada, e Programação tornou-se rapidamente o curso de eleição numa faculdade pouco convencional em TI. Nós, os professores, temos menos de 30 anos, estando próximos da faixa etária dos alunos, e, apesar de termos background em programação e Machine Learning, foi a primeira vez que lecionámos um curso universitário. A estrutura deste também foi pedagogicamente ousada, mais ajustada à realidade da transformação digital e dos seus intervenientes. Com uma forte componente prática, incentivou-se o uso da programação para desenvolver projetos pessoais ou resolver problemas de outros cursos. Ao longo de três meses, sem experiência prévia em programação, os alunos planearam e desenvolveram os seus próprios projetos – não avaliados –, onde surpreenderam pela criatividade e pelo rigor.

Por exemplo, desenvolveram sites onde se colocam ingredientes e que devolvem todas as receitas possíveis; diversos videojogos; aplicações de Machine Learning e até um visualizador de música. O sucesso deste curso exemplifica uma abordagem simples e eficaz que as instituições de Ensino Superior podem assumir para garantir a aptidão digital dos estudantes para a década vindoura.

Os autores agradecem aos professores Ricardo João Gil Pereira e Luísa Nobre, e aos estudantes Stefan Maryl, Lukas Tschofen, Angelo Alves, Sofia Rocha, Paulo Matos, Ferdinand Dei, Hampus Schönfeldt e Tamara Portenkirchner, que desenvolveram o trabalho descrito neste artigo.

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