A terceira edição do programa Data for Change distinguiu, nesta segunda-feira, o projecto Mapa de Alerta Precoce do Insucesso Escolar (MAPIE), da Associação Tempos Brilhantes, que apoia projectos de enriquecimento curricular em 110 agrupamentos escolares. Trata-se de uma ferramenta que, com base na inteligência artificial, melhora em 60% o sistema de alerta de insucesso escolar nos alunos de 2.º e 3.º ciclos do ensino básico.
Sendo capaz de identificar, em média, “cerca de metade dos alunos que ficariam retidos até ao 9.º ano”, a ferramenta MAPIE é a grande vencedora do programa Data for Change 2021, enquadrado na Iniciativa para a Equidade Social – uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a Nova SBE, onde se incluem projectos desenvolvidos pela Nova SBE Data Science Knowledge Center (DSKC).
Desenvolvida com o objectivo de apoiar a identificar “alunos em risco de insucesso escolar nos 2.º e 3.º ciclos de escolaridade”, a ferramenta MAPIE já tinha sido implementada, em 2018, pela Associação Tempos Brilhantes e aplicada a 85 agrupamentos escolares. No entanto, por assentar num “modelo baseado em regras estatísticas e não validado no contexto português”, apresentava algumas limitações na estimativa de risco, que foram colmatadas em conjunto com a NOVA SBE DSKC.
“Durante o programa Data for Change, a Associação Tempos Brilhantes teve a oportunidade de se capacitar em temas de ciência de dados, tais como data curation e desenvolvimento de modelos de inteligência artificial”, descreve o Data for Change. E como tal, a versão mais recente da MAPIE passou a basear-se num “novo modelo de inteligência artificial concebido para o 9.º ano”, utilizando “dados históricos e pseudo anonimizados de alunos de 2.º e 3.º ciclos de escolaridade de 30 agrupamentos escolares portugueses, entre os anos de 1997 e 2020”.
“Foram analisados dados demográficos e relativos ao percurso escolar dos alunos, assim como características do próprio agrupamento escolar”, explica o Data for Change. Deste trabalho, que permitiu criar modelos mais adaptados ao contexto educativo português e a três pontos distintos do percurso académico (6.º, 8.º e 9.º anos), decorre uma melhoria de desempenho da MAPIE de 60%.
Em concreto, esta melhoria traduz-se na capacidade de identificar cerca de metade dos alunos em risco de ficarem retidos até ao 9.º ano. Se considerarmos os números do ano lectivo de 2018/19, estamos a falar de cerca de nove mil anos e, prevenindo este outcome, de uma poupança de cerca de 55,8 milhões de euros anuais para o Estado.
Inicialmente designada SAPIE [Sistema, em vez de Mapa], a ferramenta foi desenhada para apoiar a decisão de directores de agrupamento de escolas, directores de turma ou membros de equipas multidisciplinares de apoio à educação inclusiva”.