Seis países africanos destacam-se pelo nível de acessibilidade aos dados do turismo em África, indicando o mais recente relatório da plataforma WiTH Africa, uma iniciativa da Nova SBE que resulta de uma parceria entre o Nova SBE Data Science Knowledge Center e o Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality, que Cabo Verde está entre os eleitos.
A par de Cabo Verde aparecem África do Sul, Marrocos, Tunísia, Tanzânia e Maurícias, países onde a informação sobre os dados relacionados com o setor do turismo está mais disponível e atualizados.
Baseado no sistema de pontuação “Ease of Access Score” (concebido pelo WiTH Africa para avaliar o estado do fornecimento de dados pela agência nacional de estatísticas de cada país africano e para analisar os dados de turismo disponíveis, a frequência de publicação e os websites onde os mesmos são disponibilizados) o relatório “Ecossistema de Dados do Turismo em África – Desafios e Oportunidades para um Crescimento Sustentável” (disponível em inglês) identifica que os extremos norte e sul do continente africano concentram os países que lideram o pódio da maior e melhor acessibilidade de dados estatísticos conseguindo apenas estes seis países a pontuação mais elevada (4 na escala de 0 a 4).
“Embora com diferenças bastante acentuadas entre as várias regiões africanas, existe um nível moderado de acessibilidade em todo o continente africano com os países localizados nos extremos norte e sul, a obterem as pontuações mais elevadas. Marrocos e Tunísia, na região norte, são os países que registam maior acessibilidade e atualizações mais recentes enquanto na região sul o destaque vai para África do Sul, que disponibiliza relatórios estatísticos anuais”, revela o relatório.
No coração do continente, na África Central, a República Centro-Africana não regista quaisquer dados de turismo assim como o Gabão, enquanto a República Democrática do Congo revelou ter bons acessos e atualizações recentes. Na África Ocidental, Cabo-Verde lidera os países com maior e melhor acessibilidade aos dados, que são disponibilizados num portal web, seguido de Burkina Faso e Serra Leoa. No leste do continente, Tanzânia e Maurícias lideram na acessibilidade, contrariamente à Somália e ao Burundi que enfrentam inúmeros desafios na atualização de dados, sendo de destacar que em 2014 foi a data do último registo de dados no Burundi.
Embora plataformas como a Open Data for Africa (ODFA) tenham promovido a partilha de dados entre os países africanos e organizações como a OMT – Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas – tenham sido fornecedores de dados importantes, os dados recolhidos no presente relatório permitem aferir que ‘há uma necessidade urgente de investimentos internos para alargar as fontes de dados e diminuir a dependência externa’ sublinhando ‘a importância da formação e do desenvolvimento de capacidades, reconhecendo que o investimento no desenvolvimento de competências pode simplificar os processos de recolha, análise e divulgação de dados, tornando-os mais acessíveis e relevantes para as partes interessadas’.
Sérgio Guerreiro, professor Adjunto da Nova SBE e membro fundador do WiTH Africa, destaca que “vivemos atualmente num mundo em que as oportunidades da tecnologia e a digitalização da economia podem prover uma enormidade de novas fontes de dados que nos podem ajudar a preencher estas lacunas e a alcançar um progresso significativo no conhecimento do setor do turismo em qualquer país no mundo”. Sublinha ainda que “os dados são, na verdade, a chave essencial para compreendermos o impacto e os potenciais de uma indústria como o turismo. Sendo o turismo uma das atividades com maior potencial para acelerar o desenvolvimento nos países africanos, o contributo que queremos enquanto escola é fazer parte desta comunidade e oferecer o nosso conhecimento para realmente contribuir para esta agenda”.
Um ecossistema de dados
A plataforma foi lançada pela Nova SBE, através do Westmont Institute for Tourism and Hospitality e do Data Science Knowledge Center, em março de 2022, com o objetivo de promover uma comunidade de conhecimento para apoiar o planeamento e a tomada de decisão no domínio do turismo em África. Permite desenvolver ferramentas para monitorizar a evolução do setor do turismo, divulgar o conhecimento para que este possa ser utilizado para aconselhar as políticas e estratégias empresariais, e dinamizar um espaço de colaboração ativa entre organizações.
Destinada aos decisores da área do turismo nos setores público e privado e à Academia, a plataforma funciona como um agregador de fontes de dados relevantes para o desenvolvimento turístico em África, centralizando, num único espaço, informação relevante neste domínio. Disponibiliza ainda as últimas tendências no setor do turismo em África, bem como indicadores que permitam acompanhar o desempenho dos diversos países em matéria de turismo.