Temos o prazer de partilhar o último artigo, acabado de ser publicado na Social Science & Medicine pelos nossos membros Eduardo Costa, Filipa Fonseca, Joana Pestana e João Frutuoso.
Resumo
Muitos países estão a enfrentar desafios no recrutamento e retenção de médicos, particularmente em regiões onde os sectores público e privado competem por médicos. A compreensão dos factores que influenciam as escolhas profissionais dos médicos pode ajudar a informar as políticas destinadas a atrair e reter esta valiosa força de trabalho. Este estudo tem como objetivo conhecer a força das preferências dos médicos relativamente a vários aspectos relacionados com o trabalho, incluindo rendimentos, flexibilidade de tempo, discussão de casos clínicos, frequência de actualizações de instalações e equipamentos, oportunidades de formação e autonomia na tomada de decisões.
Para o efeito, foi aplicado um Discrete Choice Experiment (DCE) a 697 médicos. Cada participante completou uma série de oito tarefas de escolha, em que tinha de escolher entre dois empregos hipotéticos que diferiam nestes atributos, com níveis que espelhavam posições nos sectores público e privado em Portugal. As escolhas resultantes foram analisadas utilizando modelos logit misto, logit multinomial generalizado e modelos de classes latentes para ter em conta as diversas variações não observadas nas preferências dos médicos e para explorar a heterogeneidade das preferências em função de diferentes características observáveis.
Os empregos que oferecem mais autonomia e oportunidades de formação são fortemente preferidos, uma vez que os médicos necessitariam de uma remuneração adicional para trabalhar com menor autonomia (equivalente a 28,62% do rendimento bruto) ou com formação menos frequente (equivalente a 22,75%). Este estudo revela ainda que a classificação das características do trabalho é semelhante entre os médicos que trabalham exclusivamente no sector público e os que exercem uma atividade dual. No entanto, os médicos do sector público dão mais importância à disponibilidade de possibilidades de formação frequente e à atualização frequente das instalações e do equipamento, em comparação com os seus homólogos que exercem uma atividade dual.
Estas conclusões contribuem para o conhecimento existente, realçando a importância dos atributos não monetários e lançando luz sobre as preferências dos médicos em vários cenários de emprego. Oferecem informações valiosas para o desenvolvimento de políticas destinadas a influenciar a afetação do tempo dos médicos entre sectores.
👉 Leia o artigo completo aqui: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0277953623009085