Negociação, Agrupamento e Inflação de Prémios no Mercado Brasileiro de Seguros de Saúde para Pequenos Grupos

Na edição deste mês da NOVA SBE HEALTH ECONOMICS & MANAGEMENT SEMINAR SERIES, Mateus Dias, doutorado em Economia pela Universidade de Princeton, cuja pesquisa se concentra amplamente em economia da saúde, abrangendo design de mercado, organização industrial e o impacto das mudanças de políticas nos resultados de saúde, irá discutir: Negociação, Agrupamento e Inflação de Prémios no Mercado Brasileiro de Seguros de Saúde para Pequenos Grupos.

RESUMO:

Pooling é um mecanismo amplamente utilizado em mercados de seleção regulada para conter a inflação de preços e melhorar a estabilidade. Estudo uma dessas mudanças regulatórias introduzidas pela agência reguladora do mercado de seguros de saúde privados brasileiro. A regra afeta contratos de pequenos grupos, principalmente fornecidos por empregadores, e obriga as seguradoras a aplicarem a mesma mudança percentual de prémio a cada contrato agrupado. Utilizo um conjunto de dados único com mudanças percentuais de prémio para todos os contratos de grupo no Brasil e aproveito uma descontinuidade com relação ao número de segurados em cada contrato para identificar o efeito sobre as mudanças de prémio de ser agrupado versus negociar tal ajuste. Meus resultados indicam que os contratos com mudanças negociadas experimentam aumentos de prémio cerca de 13% mais baixos. Essa diferença é impulsionada por diferenças no poder de negociação entre as duas situações, em vez de diferenças nos custos, e as seguradoras sem fins lucrativos não parecem aproveitar totalmente seu poder de negociação. Por fim, mostro evidências sugerindo que essa estratégia de agrupamento em particular, se algo, parece gerar baixos benefícios para os contratos que provavelmente se beneficiariam de negociações com as seguradoras.

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SOBRE A APRESENTAÇÃO:

🏥💡 Mateus Dias detalhou o impacto de uma mudança no prêmio regulatório no mercado de grupo de seguros de saúde brasileiro, que consolidou pequenos contratos dentro de cada seguradora. Os resultados indicam que os contratos consolidados experimentaram aumentos de prêmios mais altos inadvertidamente em comparação com os negociados, especialmente para as seguradoras com fins lucrativos. Os resultados de Mateus destacam a importância de projetar cuidadosamente estratégias de consolidação para equilibrar benefícios e custos, ao mesmo tempo em que consideram as dinâmicas de poder de barganha e a propriedade da seguradora em intervenções regulatórias.

Enquanto os seguros patrocinados pelo empregador normalmente alavancam o poder de barganha para negociar prêmios mais baixos, o caso do Brasil apresenta uma contradição, onde os prêmios para esses planos aumentam substancialmente em comparação com os seguros individuais. Essa discrepância decorre da regulamentação mais frouxa dos prêmios no mercado de seguros de grupo, levando a agência reguladora brasileira a implementar regulamentações de consolidação em 2013. Apesar de pretender estabilizar o mercado e mitigar aumentos de prêmios ao impor aumentos uniformes em contratos consolidados, essa intervenção levanta questões sobre sua eficácia, especialmente considerando que as mudanças nos prêmios permaneceram inalteradas após a regulamentação. Essa discrepância motiva uma análise mais detalhada da eficácia das regulamentações de consolidação na contenção da inflação dos prêmios e garantia da estabilidade do mercado.

O estudo utiliza um desenho de descontinuidade de regressão difusa, complementado por um modelo conceitual de barganha entre empregador e seguradora, para avaliar os efeitos da regulamentação de mudança de prêmio imposta pela agência reguladora. Essa abordagem analítica permite uma análise rigorosa do impacto da regulamentação de consolidação nos aumentos de prêmios para contratos de grupos pequenos. Ao analisar sistematicamente os dados dentro do contexto das dinâmicas de barganha entre empregador e seguradora, Mateus esclarece como as intervenções regulatórias influenciam os ajustes de prêmios e o poder de barganha.

Contrariamente às intenções da agência reguladora, os resultados sugerem que os contratos consolidados sofrem aumentos de prêmios mais altos em comparação com os negociados. Essa discrepância não pode ser atribuída apenas a variações de custo, indicando a presença de poder de barganha do empregador durante os ajustes de prêmios, especialmente para seguradoras com fins lucrativos. Esses resultados enfatizam a importância de projetar cuidadosamente estratégias de consolidação para otimizar benefícios e mitigar custos potenciais no mercado de seguros de saúde. Apesar dos benefícios potenciais da consolidação, estratégias mal projetadas podem levar a uma inflação de prêmios mais alta sem melhorias significativas na estabilidade do mercado. Além disso, o estudo destaca a importância de considerar as dinâmicas de poder de barganha e a propriedade da seguradora em intervenções regulatórias direcionadas aos mercados de grupos pequenos, destacando a necessidade de abordagens nuances adaptadas às complexidades do mercado.

No geral, este artigo oferece contribuições significativas para várias áreas da literatura. Ele amplia a compreensão dos mercados de seguros de saúde ao destacar a importância de considerar o poder de barganha entre pequenos empregadores, lançando luz sobre as negociações de prêmios. Além disso, ele avança o discurso sobre segmentação e consolidação de mercados de seguros de saúde ao explorar o impacto de consolidar contratos pequenos dentro de seguradoras em um ambiente menos regulamentado. Além disso, aborda uma lacuna na literatura sobre o comportamento de seguradoras com fins lucrativos versus sem fins lucrativos, mostrando como as seguradoras com fins lucrativos aproveitam o poder de barganha para maximizar lucros. Esses resultados fornecem insights valiosos para formuladores de políticas e reguladores na navegação eficaz dos mercados de seguros de saúde.

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SOBRE MATEUS DIAS:

Mateus Dias é Professor Auxiliar na Católica Lisbon School of Business and Economics. Tem um doutoramento em Economia pela Universidade de Princeton e um mestrado em Economia Empresarial pela Escola de Economia de São Paulo - FGV. A sua investigação está ligada à economia da saúde, quer nos aspetos de marketing design e no seu cruzamento com as organizações industriais até aos efeitos que as mudanças de política nestes mercados geram nos resultados da saúde. A sua investigação tem sido publicada em revistas como a “The Review of Economic Studies” e o “American Economic Journal: Economic Policy”.