📉 Mais concorrentes significam preços mais baixos dos medicamentos?
Nem sempre. Em Portugal, mesmo com tetos máximos de preços e vários concorrentes genéricos, muitos medicamentos mantiveram-se com preços fixados no limite ou próximos do limite regulamentar.
🧩 O que foi descoberto
Num artigo recente publicado na Health Economics, Carolina Santos, Eduardo Costa e Sara Machado mostram que, quando as farmacêuticas enfrentam repetidamente os mesmos rivais em diferentes mercados, tendem a desenvolver uma espécie de “respeito mútuo”.
👉 Em vez de competir de forma agressiva, as empresas evitam reduções significativas de preços para não sofrerem retaliações noutros mercados do seu portefólio.
💊 Estudo de caso: estatinas em Portugal
• Foram analisadas as interações entre empresas que comercializam estatinas entre 2015 e 2017, tratando cada estatina como um mercado separado.
• O efeito é significativo: um aumento de um desvio padrão nos contactos multimercado leva a rácios preço-teto 5,35% mais elevados.
⚖️ Porque é que isto importa
Embora os tetos máximos de preços impeçam práticas de preços excessivos, também podem funcionar como pontos de coordenação.
Quando as empresas se encontram repetidamente com os mesmos rivais em diferentes mercados, esta “contenção mútua” significa que os doentes e os sistemas de saúde acabam por pagar mais do que pagariam em condições de concorrência efetiva.
🏛️ Implicações para políticas públicas
À medida que a indústria de genéricos continua a consolidar-se:
• Os reguladores devem considerar não apenas a concorrência em cada mercado de medicamentos, mas também de que forma a presença multimercado das empresas influencia o seu comportamento em todo o portefólio.
• Esta investigação destaca um ponto cego importante na regulamentação dos preços farmacêuticos — um aspeto que deve ser abordado para garantir concorrência genuína e poupanças reais para os sistemas de saúde.
📖 Leia o artigo aqui: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/hec.70029